Aventuras de Fubarion #1

Sua armadura fora destruída junto de algumas costelas. Desacordado, ele não conseguia perceber o perigo que se aproximava em lentos e pesados passos. Valkarla, o espírito preso nas lâminas de Fubarion, nada podia fazer em sua forma etérea. Seu poder só era posto a prova quando empunhada, sem mãos para lhe manejar, não passava de um espírito quase inútil, restando apenas sua voz, que só era ouvida por Fubarion:

— Acorde mestre! Acorde, por favor!

O Gigante do Mar estava cada vez mais perto, possivelmente, já havia notado o corpo do elfo noturno estirado na praia. Ele se aproximava sem pressa, com um sorriso malicioso. Valkarla, por sua vez, estava cada vez mais desesperada:

— Mestre Fubarion, acorde, por favor!

Ela gritava desesperada enquanto o gigante se aproximava. O caçador de demônios estava a alguns passos de ser perfurado pelo arpão que o gigante empunhava. Mais um passo foi dado, a distancia entre o elfo noturno e o gigante era favorável ao ataque. Uma risada de chacota foi dada pelo imenso inimigo, erguendo sua lança improvisada, fazendo sombra no corpo estirado na praia.

O arpão desceu rasgando o ar. Uma imensa nuvem de areia se ergueu. Valkarla gritou e chorou sem poder ser ouvida por mais ninguém. Então uma voz a consolou:

— Porque choras, criança? — disse Fubarion, que havia se esquivado do ataque no último segundo.

— Seu imbecil! — protestou Valkarla — Achei que você estava morto!

— Você realmente achou que eu estava dando um passeio pela espiral etérea, de novo? — ele riu.

— Porque demorou tanto? — Questionou o espírito.

— Estava recuperando minhas forças. Foi necessário. — Explicou Fubarion, calmamente.

— Com quem está falando, criaturinha? — Interrompeu o gigante.

O caçador de demônios olhou para Valkarla e riu. Somente ele podia vê-la e ouvi-la. Fubarion empunhou suas lâminas e disse:

— Estou falando com elas — apontou as glaives de guerra para o gigante — elas me disseram que querem ver se você sangra!

—Tolo! — gritou o gigante enraivecido se preparando para outra investida.

Fubarion estava debilitado, mas ainda era muito ágil, ao contrário do gigante do mar. A monstruosidade investia às cegas, enquanto o caçador de demônios se esquivava. Aos poucos, os contra-ataques do elfo iam cortando o gigante, deixando-o cada vez mais zangado.

Mas nem só com força bruta lutava o gigante, ele possuía conhecimento xamãnico e decidiu usar magias já que não conseguia espetar o elfo com sua lança. O gigante largou o enorme arpão e começou a invocar uma enorme onda. Por mais ágil que Fubarion fosse, ele não conseguiria escapar da área afetada pela magia.

— Criaturinha sabe nadar? — perguntou o gigante, com chacota.

O caçador de demônios estremeceu, ele sentiu a preocupação em Valkarla também, em seu estado atual, uma pancada dessas seria fatal. Fubarion mudou sua estratégia rapidamente, enquanto o gigante criava a onda gigante com seus poderes mágicos, o caçador de demônios começou a ataca-lo com todas as forças que lhe restavam. Centenas de golpes contra o gigante, mas ele continuava a concentrar a magia, faltava pouco para Fubarion ser atingido. Naquela condição, naquele impasse, o elfo decidiu tomar uma atitude desesperada. Utilizando do que lhe restava de energia, ele se transformou em um grande demônio espinhoso, a conhecida metamorfose dos caçadores de demônios.

Na forma demoníaca, Fubarion sobrou chamas de fogo vil contra a onda mágica do gigante. Uma grande nuvem de vapor se alastrou pela praia, os caranguejos que assistiam ao longe fugiram com o impacto das duas forças. Quando o vapor se dissipou, os dois gigantes estavam em pé, mas só um deles estava vivo.

Fubarion estava exausto, quase morto, mas diante seus olhos estava um dos melhores elixires que poderia obter no momento. Os caçadores de demônios são conhecidos por absorver a alma do inimigo para se fortalecerem. Sem cerimônias, ele absorveu a alma do gigante do mar. Não só seu corpo se curou, como Valkarla também se beneficiou daquela alma.

As energias de Fubarion não estavam em cem por cento, mas estavam melhores do que antes. Sem saber onde estava, decidiu escalar a montanha que se iniciava aos pés da beira mar. Lá do alto ele poderia ter uma visão melhor da região e, com sorte, encontrar aliados naquela terra inóspita. 

Como caçador de demônios, ele não precisava de estradas e nem de cordas para chegar ao topo. Suas asas e seus pulos gigantescos davam conta do recado. De pulo em pulo ele foi escalando, logo a paisagem começa a se mostrar no horizonte. Lá no alto, ele se deparou com um pequeno infortúnio: demônios. 

Uma pequena tropa de guardas vis rondava o pico daquela montanha. O elfo noturno logo imaginou que eles estavam fazendo o reconhecimento da área para a instalação de uma base. Visto a altura da montanha e seu ponto estratégico, possivelmente um viveiro de morcegos vis.

Fubarion não pensou duas vezes, arremessou suas glaives contra o primeiro inimigo, fincando-as nas costas do demônio. Rapidamente investiu contra o segundo, recolhendo as armas no processo e cortando a cabeça demoníaca que estava despreparada. Com a movimentação, os outros demônios se alertaram, mas Fubarion já havia conjurado um sigilo de fogo vil e o lançou contra os demônios restantes, queimando seus corpos sem chance de revidarem. Com a morte da pequena tropa, o caçador de demônios pode consumir suas almas, fortalecendo-se por completo.

No alto da montanha havia um antigo coreto noctuélfico há muito abandonado. Ao subir a pequena escadaria, Fubarion confrontou mais dois demônios que não tiveram chance de fazer frente ao caçador de demônios.

Do alto do coreto, com todas as possíveis ameaças neutralizadas, o elfo pode observar a região. Rodeando o coreto com atenção, ele foi desenhando o horizonte em sua mente, observando cada estrada e construção que pudesse utilizar para fazer um mapa mental. De um lado ele via o oceano e pequenas ilhotas, algumas criaturas na praia, talvez fossem leões marinhos ou murlocs, pensou. Após o mar aberto, veio a visão da maior parte de terra, estradas e ruínas noctuélficas, havia muita movimentação de humanoides, mas pela distância, ele não conseguiu distinguir que tipo de humanoides eram. Também reparou em uma área verdejante longínqua de sua posição e o que parecia uma árvore gigante.

Continuando com o giro de trezentos e sessenta graus, Fubarion avistou a infame Tumba de Sargeras. Um calafrio percorreu sua espinha. Logo ao lado, ele conseguiu avistar a cidade flutuante de Dalaran. Se algum membro da Royal Guard estivesse vivo, ali que ele saberia, logo pensou. Após passar a visão pelo mar novamente, seu coração acelerou.

Próximo de sua posição, a Legião havia se instalado, corrompido a terra e estava tentando se expandir, batendo de frente com um acampamento Illidari — caçadores de demônios treinados pelo próprio Illidan, antigos companheiros de Fubarion.

O elfo noturno sentiu seu sangue ferver, sua mente só conseguia pensar em aniquilar aqueles demônios, caça-los e esquarteja-los. Ele subiu no parapeito do coreto, empunhou firmemente suas glaives e saltou do alto da montanha, abrindo suas asas e planando rumo ao combate, rumo a sua vingança.